porque a única coisa que sei fazer é amar você
eu disse que você não precisava ir
e quando você foi, me despedi para o vento
o vento não me respondeu
então me acostumei com meu próprio acento
aí cresci e me tornei crescida,
enquanto conversava com as palavras que dizia para mim mesma.
muitas palavras, que se tornariam livros de se perder neles!
e os ecos dos gritos de ajuda se tornaram um rumor tão baixinho...
que nem no máximo silêncio se podiam captar.
e aí aconteceu que algumas das palavras eram, na verdade, verdades!
sabe o que é: a gente descobre as verdades quando finalmente para de procurar por elas.
então comecei a conversar com o mundo
porque aí o mundo poderia ouvir essas verdades
e viver com elas e as palavras envolvidas,
e, olha isso, o mundo me deu tanto suporte
que fiquei toda tagarela, né
quase que flutuando nos meus próprios discursos
motivada pelos pares brilhantes de olhos que eu via se deixarem levar pela comoção
é.
o tempo faz isso, né
nada de mais, na verdade.
quem faz fazer é a gente -
as coisas.
bom,
aí depois de fazer as coisas no tempo
eu pensei em você.
e aconteceu que você pensou em mim também.
por que a gente fica pensando nas pessoas, né? as joaninhas devem saber.
eu acho que vou te perguntar isso algum dia.
quando eu te perguntar o porquê de a gente pensar nas pessoas,
você vai responder uma coisa e depois vai dizer ela de novo em outras palavras
e aí vai fazer um trocadilho com essas outras palavras...
enquanto isso eu vou ter me perdido na paisagem do outro lado da janela
fazendo as contas de quantas madrugadas perdi
tentando colocar em palavras essas novas coisas que estarei sentindo
porque durante todo esse tempo
andando entre tantas palavras,
sendo achada por tantas verdades e
fazendo tantas coisas
concluí que eu não sei ser sua amiga, teria que aprender,
porque a única coisa que sei é amar você.
mas eu vou me virar para você e ensaiar um sorriso de satisfação
como se a única coisa de se rir fossem seus trocadilhos
e não toda essa situação
de você ter ido embora e eu ter falado com o vento,
e o vento, na verdade,
ter me ouvido.
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