13.7.23

Eu não sei, eu não sei...

 "Why didn’t god created us all equal? All black ou Asian ou white? Why did him permitted slaves? It all started with slavery…" - das minhas anotações de hoje.

Eu não sei, American History X simplesmente desbloqueou minha mente. É como se as coisas fizessem mais sentido agora e ao mesmo tempo menos. Eu odeio o ódio. Quem começou o ódio? Por que o ódio existe? Por que as pessoas não entendem que isso só destrói? Destruiu indígenas, pretos, asiáticos... Se deus existe, por que permitir toda essa injustiça com tanta gente que não queria nada, apenas viver! Lágrimas escorrem pelos meus olhos agora porque eu queria consertar tudo isso mas eu só mais uma no meio de tantas ideias... Me arrependo tanto de todo preconceito que cresci tendo e vendo... Rir de coisas completamente ridículas e racistas, egoístas... Me sinto estúpida, uma branca filha de pastor com tudo sempre me servindo; eu não mereço nada disso, eu nunca deveria ter merecido; meus privilégios e regalias me cegaram para o mundo real e o mundo é completamente injusto e cheio de ódio. Me comprometer a uma religião não faz nenhuma fucking diferença porque o racismo ressoa pelos hinos dos cristãos. Quando ódio e quanto afastamento eles criaram. Odeio odiar mas odeio ter nascido nessa bolha ridícula que apenas serve para "organizar a sociedade e a família" de um jeito cego. 

Eu amo meus pais e minha família... mas é como se todo mundo estivesse cego de certa forma. Meu pai tem uma mente aberta e um bom caráter, por assim dizer, mas me lembro da minha avó poucos anos atrás espionando de certa forma um nigeriano no interior de Bom Retiro, SC. ÓBVIO SANTA CANTARINA, que de santa não tem nada, apenas um monte de neonazista cheio de ódio e escamas nos olhos. Não há verdade absoluta, apenas essa vida em que caminhamos mais ou menos às cegas e quando mais abrimos os olhos, mais injustiça se vê. Não escrevo para fazer justiça porque não sei até que ponto o que é justiça e também não sei onde desenhar a linha entre "fazer justiça" e descontar ódio. Eu só espero que algum dia tudo isso acabe. Que a humanidade exploda porque ela é podre. 

Conheço boas pessoas, a maioria delas... crianças. Porque crianças não têm ódio, elas aprendem a ter.

I don't know...

Sobre a minha pessoal: uma bagunça se ajeitando. A hora de contar a minha verdade para o mundo está por vir. E sobre o fim do mundo? Se existe algum tipo de inferno, estaremos todos lá... menos as crianças.

Minha bagunça que tem se ajeitado tem nome: remédios... me questionei muito desde 2015 quando fiz minha primeira terapia e aprendi sobre fantasmas e o quanto eles são reais. Aprendi e tenho aprendido a conviver com eles, tomar uma xícara de chá com meus fantasmas até - temos feito as pazes. O Léo tem sido incrível e uma peça enorme no quebra cabeça da minha saúde emocional. 

Passei com tantos psiquiatras que perdi a conta. Mais de 15, talvez? Diagnóstico de apenas agitada quando criança e de apenas ansiosa quando adolescente. Hoje? Bipolaridade, bipolaridade, bipolaridade. OH FUCK THIS eu tenho apenas uma genética fudida da minha parte paterna e estou apenas seguindo os passos de medicação do meu pai porque eu tenho o que ele tem, seja o que for - EU REALMENTE NÃO LIGO. Eu só quero estar bem. Parar de ter pesadelos das minhas épocas de crise em Jacareí e todo pesadelo depois da tentativa de suicídio. Não estou certa se gostaria de ter sobrevivido, mas eu tenho um propósito, disso eu sei. Não acumular ódio é um deles e realmente, profundamente, eficazmente, viver o amor que apenas o ser humano e a natureza tem. O ódio que procuro não acumular é contra mim mesma. Senti tanta culpa e nojo de mim na infância por causa da minha irmã adolescente problemática que me fez tantas vezes me machucar sem ela nem mesmo saber. Como eu disse pro Léo ontem: "ela tinha prazer em me ver tendo emoções fortes e negativas" - desde criança. E vai entender, ela mesma pediu pra eu nascer. Hoje já perdoei mas ainda tenho inclinações suicidas pelo fantasma da culpa que me perseguiu por tanto tempo e, se hoje tenho paz, é porque estou aprendendo a deixar o passado para trás. 

É muito mais que difícil, é uma dor complexa se entender e entender o que deixar para trás. Pessoas tóxicas, crenças limitantes... Mas "um dia de cada vez". De verdade, tenho vivido isso e eu quero continuar assim. Eu amo dar aula, mas quero abandonar tudo e sair do país. Recomeçar onde ninguém sabe quem fui, onde ninguém me reconhece pela minha família, onde há harmonia em meio a natureza e progresso na sociedade. Me agarro na esperança de lá aprender como ser uma pessoa melhor porque esse é meu maior objetivo agora. 

Machuquei muitas pessoas no meu caminho e, se eu pudesse voltar no tempo, diria a mim mesma para não ter feito tantas coisas... porém, eu era cega, ingênua, presa numa gaiola de ideias irrealistas. O pássaro não deve ficar na gaiola, ele deve voar. Voar como a Maria e o Valdir que conheci na praia, como Érico Veríssimo, Goethe, I don't know... I don't know.... 

Quando eu morrer, e o Léo sabe o quanto me esforço para viver, gostaria que todas as pessoas que machuquei soubessem o quanto gostaria não haver machucado-as. Desculpa... Desculpa mesmo, pros meus ex, pro próprio Léo, pros meus pais, talvez... para as pessoas que prometi que voltaríamos a ser amigos mesmo sabendo que eu não poderia prometer nada porque é isso: a gente vai às cegas se agarrando de poste em poste até chegar num café aconchegante e ficar lá até se sentir preparado para enfrentar o mundo novamente.


- n revisei o texto. são quase 3 da madrugada e acho que acabaria escrevendo mais mil parágrafos detalhando cada ponto que toquei. esse "Eu não sei, eu não sei..." terá parte dois e muitos outros capítulos. Porque a vida é assim, pelo menos alguma coisa perto disso. Definir a vida é estupidez.  

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