30.8.18

Alegria no boteco do Silva (segunda edição, parte II)


mas o que importa é que agora ele vai lá todas as noites beber um Bacardi para esquecer do passado  – como se beber realmente fizesse alguém esquecer de alguma coisa.

Bem, agora chegou a minha vez de conhecer o Silva.
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O que estou prestes a descrever acontece neste mesmo instante.

Sexta-feira, 31 de agosto de 2018.

Essa é a terceira vez que visito um boteco. Primeira vez que vou intencionalmente e segunda em que não é uma festa de casamento. Ele fica no fim de uma rua sem saída no bairro mais perigoso da cidade, o que me deixa receosa para entrar. Sei que aqui não é o lugar ideal para meninas de família, mas conhecer o Silva se tornou meu propósito de vida. Você vai entender o porquê.  

Olhado de fora, o boteco não é muito grande, mas olhando aqui de dentro parece um pouco maior. A luz daqui é um pouco avermelhada e a música (eletrônica, por sinal) está extremamente alta. Mal consigo escutar meus próprios pensamentos, mas não posso me esquecer do que vim fazer aqui. Vejo pessoas dançando em jaulas, barristas chacoalhando um pequeno container prateado e, meu deus, aquele cara está de sunga?

Dou meus primeiros passos em direção a.... qualquer lugar. Não faço ideia de como agir para não parecer de fora. Decido ir ao banheiro. Vou retocar o batom que acabei de passar. Isso. Ótimo.

Chego no banheiro e vejo três moças. Duas segurando o cabelo da terceira, que vomita. Isso é que o chamam de amizade verdade hoje em dia, não é? Rindo, uma delas me pede para passar alguns papeis toalha. Entrego e dou um sorrisinho sem graça. “Valeu”. Após me agradecer, continua dando risada da amiga. Não sei se essa amizade é tão verdadeira assim.

Saio do banheiro vou um pouco perdida para o bar. Pergunto do Silva e o barbudo aponta para os fundos. Dou meia volta e vou em direção a um túnel de cimento. um. pouco. estreeeeito, mas ok. alguns caras passam as mãos nas minhas pernas e cintura. Sinto um grande desgosto. Suspiro. Sigo em frente.

A música já está quase inaudível e o túnel finalmente acaba. Vejo alguns caras reunidos ao redor de uma mesa. Em cima da mesa está uma velha caixa de papelão onde dados vermelhos rodopiam rapidamente.


------------------------ continua.

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