26.10.24

Sou tão feliz por ter diarréia!

A felicidade é muito particular. Particular nela mesma por sua raridade e peculiaridade. Particular, ao mesmo tempo, por ser relativa para cada um. Estou me considerando feliz agora por ter diarréia.

Essa relatividade é tão particular também pois algo que te traz felicidade pode se tornar algo que de traz sensação de desespero e pior, desamparo.

A diarréia pode ser desesperadora, mas não o é quando comparada ao sintoma de uma doença e não de outra. 

Felicidade pode ser sinônimo de alívio também. Ausência de estresse, um final de semana tranquilo. 

Ao mesmo tempo que passageira, a felicidade pode durar quando se pratica gratidão. Eu sei, é meio piegas entrar nesse quesito, mas é verdade. Sinto que vivo tão ingrata ultimamente uma vez que minha vida está apenas começando a entrar nos eixos. Não é porque "tudo está fora de lugar" que eu deveria me deixar sentir desesperada. Entre o desespero e o alívio, há o entendimento do que te desespera - e como lidar com isso. Talvez nem tudo esteja fora de lugar, talvez algumas coisas apenas estejam no lugar errado, na ordem errada. Por exemplo, eu sei que quando não faço o que gosto, no caso, criar (textos, colagens, músicas) e rir, assistir One Three Hill, dar aula para minha aluna preferida, me sinto desanimada e fora do lugar porque eu preciso estar em primeiro, não certas preocupações como "vou conseguir arrumar um trabalho legal ano que vem?". Não que essa preocupação não seja legítima, mas ela não deve estar acima do meu dever de ser feliz em primeiro lugar. E é aí onde o desespero pode esperar na fila, porque eu não preciso me preocupar tanto com dinheiro agora. Eu ainda estou num processo de adaptação a minha nova realidade, seja esta o fato de ter me tornado adulta meio sem perceber. 

No interím da adultice, moram novas preocupações e até não deixar que elas se tornem motivo de desespero, demora um pouco. Não é que demora, é que criamos a expectava de que seja rápido, sem oscilação,  um mar tranquilo. Quando diabos o mar é tranquilo? Se essa metáfora está sendo usada aqui, é justamente porque o mar não é sempre tranquilo. Somos navegantes sem experiência e pouco sabemos sobre o mar. Por que esperamos que não haverão ondas, trovões, alguns afogamentos talvez e o tão subestimado inesperado? 

A vida é inesperada. A maioria das situações da vida não é como esperamos e precisamos nos lembrar disso todos os dias para que o desespero não esteja no leme. 

Estou com diarréia, mas também não estou com câncer. Estou com diarréia, mas não estou num relacionamento de merda. Estou com diarréia, mas não estou sem teto. Estou com diarréia, mas minha geladeira não está vazia. Estou com diarréia, mas minhas mãos não estão vazias. Estou com diarréia, mas não estou desamparada. Estou com diarréia, mas não estou sem amigos.

Pela perspectiva da diarréia, sou lembrada de que as coisas estão como são: imprevisíveis. 

Me sinto feliz por tê-la como lembrete de que é só uma diarréia. Nada mais, nada menos.


19.5.24

esconde-esconde

querer sorrir e agradecer quando seus olhos estão úmidos e mal conseguem expressar qualquer alegria ou gratidão é uma tentativa completamente falida de ser feliz. é até uma hipocrisia gorda, afirmo com certeza.

tudo falha, na realidade, quando seu coração sofre escondido.

é um jogo de esconde-esconde; um ridículo jogo de se esconder. 

tão bem se escondem as razões do sentimento de vazio que qualquer um que as tenta encontrar, acaba perdido também.

então, perdida estou neste vácuo tão cheio de labirintos.

e como deveria eu pedir ajuda se temo tanto perder mais alguém dentro do meu próprio vazio?

acho ridículo esse jogo pois no final das contas, ninguém ganha. como se alguém estivesse contando os malditos pontos. como se competitividade fizesse diferença.  

se ao menos a psiquiatria ou mesmo Deus achassem algo no meu coração, 

poderiam eles me dizer se o que falta é remédio ou oração.

quero concluir tudo isso, concluir - para não soar dramática e dizer que só quero um ponto final.

como seria um drama seria pedir por um ponto final? 

porque nas regras do esconde-esconde do meu coração, o ponto final é da minha própria existência. abençoada e cheia de vigor entre os baixos e altos, mas com baixos tão profundos que, se eliminados, eliminariam esta que chamo de abençoada e vigorosa vida.

contraditória no que se refere ao que digo e tento dizer; entre o que sei estar sentindo e minha perda de razão.

a única certeza que tenho é de que dói estar numa guerra de olhos vendados, atirando para todas as direções, menos a certa. as balas acabam também. 

sei que muitos sentem essa dor e que muitos já se perderam por ela. meus sinceros sentimentos conhecidos por todos eles. 

mas, e quem deu a volta por cima? odeio esse termo, é tão banal. 

não se dribla a dor, se aprende a conviver com ela, afinal... 

bem, para mim, é preciso falar sobre ela, chorar sobre ela, ter raiva dela para, enfim, lembrar que ela faz parte do que me compõe como ser humano.

logo, se chego ao ponto de acreditar que há uma dissociação entre a dor e eu, achando que meu coração brinca de esconde-esconde, é aqui, especialmente aqui que a hipocrisia começa.

olhando para atrás, percebo que sempre andei de mãos dadas com a dor mesmo nos momentos de mais dourada felicidade. 

por trás de todo sorriso adulto existe a gratidão de haver aprendido conviver com a dor. talvez este seja o ponto de encontro; tanto entre minha infância inocente e adultice eminente quanto entre a própria dor e eu mesma.

não é sobre procurar onde a escuridão se esconde, mas lembrar que ela faz parte de mim. 

agora consigo enxergar minha própria cegueira. tão raso apenas querer que a dor se vá... tão vão pensar assim.

a dor não passa de um lembrete de que ela mesma não é o fim, um meio talvez. danada essa dor. pensar sobre ela está mais para um quebra cabeça do que para um jogo de esconde-esconde - e no que se refere a quebrar a cabeça eu ganho.

o crescimento me trouxe cada vez mais e inimagináveis novas dores, mas também mais formas de lidar com elas. se cresci tanto, é porque aprendi a viver ao lado delas. oh, e eu cresci tanto para brincar de esconde-esconde com sentimentos.

de um jeito ou outro, eu sou feita dessas dores, 

entre tantas boas emoções e alguns horrores. 

olhando por esse lado, fico genuinamente grata por sofrer. 

posso até sorrir por isso e, dessa vez, de verdade. cada lágrima tem seu tempo, assim como cada alegria também.

se dói hoje, ok dor, estamos empatadas e de mãos bem dadas.

é isso sim,

a dor não é o fim. 

7.4.24

um poema ruim e triste

 se houvesse um caminho

e se esse caminho fosse linear

seria tão simples e tão gostoso caminhar

se houvesse uma grande lista

uma lista de preencher

acho que a gente não se perderia

porque sem uma lista é fácil de perder

e se o amor fosse a única resposta

se amar fosse como dormir

natural como dizer sim

todo mundo amaria

e seria mais simples o viver, enfim.


se eu conseguisse guardar numa mochila tudo que não entendo

andaria bamba e corcunda

mas mesmo sem essa mochila ando desse jeito

me sentindo desanimada e imunda

porque não há volta para o que já foi feito

e para o que foi feito nem sempre há uma desculpa


19.3.24

lo no so (I)

no mínimo é terrível essa coisa de crescer e tenho minhas razões, assim como você tem as suas.

talvez as razões até sejam as mesmas:

tomar decisões que exijam abrir mão de possibilidades que você imagina que existam

e, na realidade, essa é a parte terrível mesmo

não saber o que se está perdendo 

ah, esse mistério aguça minha curiosidade e criatividade

eu sou quero ser alguém que sabe quem é

eu sou quero saber quem sou

mas não sei

lo no so

31.12.23

Te amo com a minha tíbia.

No mínimo, 

umas duas mil ou talvez apenas quatro personalidades porto em meu ser. 

Contudo, perceba: todas elas têm sentimentos que colidem, se embaraçam ou se interligam de alguma forma natural. Talvez, eu seja apenas uma só no final.

Mesmo assim, 

dentre essas uma ou duas mil personalidades, 

todas têm o poder de criar.

Criam... como dizer de forma tão clara que antenatos e crianças entendam:

trecos. O(s) ego(s) cria(m) trecos. Entenda treco como quiser: um sinônimo pode ser "coisa".

Esses trecos delineiam pensamentos nada legais na minha cachola.

Trecos engordam pensamentos estranhos.

Trecos emulsificam ideias tortas sobre quem sou - se sou. 

Trecos me lembram que falhei em ser algo que nem o porquê tentei ser...

Mas, sabe quando a gente só se lembra do quanto se odeia e 

só foca 

sei lá

nos nossos tropeços?

Bem, assim funciona minha ou minhas personalidades. Todas criativamente me deixando pra lá de azul. Lilás, para ser sincera.

Só que aí, de repente, são 21:39 do último dia do ano de 2023 e estou ouvindo Can't Help Falling In Love, do Elvis Presley escrevendo uma introdução extremamente longa para dizer o quanto amo uma pessoa que me faz esquecer todos estes trecos! 

Poderia escrevendo sobre como quero ser uma pessoa melhor, realmente de forma vaga, em 2024, mas estou pensando em você. É natural, é gostoso e é real. Você me faz rimar, Léo.

Você me faz ignorar os trecos ruins. Me faz entender que eles são chutáveis, deletáveis, esquecíveis.

Você coloca minha mente no lugar ideal, num lugar de paz,

num lugar de risadinhas bobas de menininha apaixonada. 

Não sinto borboletas no estômago.

Sinto um besouros, gafanhotos, cigarras... gases hahahahaha 

Aleluias aos deuses por você.

Aleluias aos gafanhotos, estômagos, cigarras...

Você me ensina todo dia que o passado tá lá no passado,

que o que importa é o que a gente escolhe se importar...

Você desperta em mim alguém que eu adoro! 

Naturalmente, essa "mim" aí é tão grata a você e te ama tanto...

Sabe... não sei muito bem de onde vem isso, mas vem

te amar vem de muitos lugares da vida e de mundos desconhecidos.

Te amar é leve, divertido, me faz querer criar um dicionário inteiro pra te descrever.

Você acha bobeira eu te amar tanto assim? 

Porque eu não acho que você acha.

O que eu acho é que você gosta de me observar te amando.

Honestamente?

eu nem sabia que existia essa coisa tão avassaladora de razão e emoção de abraçando em prol de amar!

É sucessivo, progressivo, 

até agressivo!

Como descrever o que sinto por você?

só quero pegar um megafone e gritar pra Hortolândia toda que te amo kkkkk HORTOLANDIA MANO

kkkkkkkkk depois dessa declaração em alto teor, eu riria de mim e olharia pro seu rosto tão lindo 

tão terno, vermelho, provavelmente,

mas com aquela expressão de "ju, não entendi mas te apoio kkkk"

sei lá, 

acho que você entenderia porque no geral você sabe que eu não tenho um ponto

que eu falo qualquer coisa só pelo prazer de rir ou de chorar, dependendo da emoção

e são tantas, né, umas sete mil.

mas é meu ponto é esse mesmo: só chamar atenção pro fato de que as pessoas no geral não têm muitos pontos, linhas, quadrados. 

Não há sempre um ponto em amar. O amor se explica para quem sente e se faz entender até aos mais quadrados.

Olha, eu tô escrevendo faz tempo e acho que tô começando a perder o fio da meada. Mas quero escrever mais e mais como se, de alguma forma, palavras pudessem realmente te fazer entender o quanto eu te amo.

Ah, não vão... eu teria que te dar meu coração, mente, pernas, dedos, umbigo, tíbia. Tudo. Afinal, te amo com tudo que sou. Com a minha tíbia kkkkkkkk nossa que viagem é amar...


28.12.23

assim que acabou

machucada e aflita, assim que se via 

machucada e aflita, assim que era

machucada e aflita, assim que seria

machucada e aflita, assim que acabou

6.10.23

Fickle Game

Assistindo Suits tempos atrás, me deparei sonoramente com a canção mais maravilhosamente melancólica: "Fickle Game".

A música me atraiu por ser tão honesta em relação a vida que deixa a gente que escreve até sem graça.  

Ela vai assim...

"I want to be olderI want to be strongerI don't want to fall at the startI want to be quickerI want to get closerDon't want to feel worlds apart
'Cause I'm fast enough to get in troubleAnd not fast enough to get awayAnd I'm old enough to know I'll end up dyingAnd not young enough to forget again".
Ual. 
É exatamente isso que busco. Ser mais forte.
E é exatamente isso o que acontece comigo:ser  rápida em me meter em problemas.
Há um paralelo um tanto sutil aqui. Talvez nem tão sutil. 
Não parece óbvio que para não se meter em problemas é preciso ser mais forte? 

7.8.23

batalhas

eu não quero lutar batalhas que já prevejo perdidas

perder tempo com situações estressantes

me perder em braços que não podem me segurar

me cegar em não seguir os meus próprios sonhos

eu sei que a maioria das batalhas são novas

mas já foi tanto tempo e sinto que mesmo assim sinto que 

o tempo está parado

e consigo ver a batalha como num momento pausado

o que vai atacar

quem vai atacar quem

com que arma

quando cada pequeno combate vai acontecer

vale a pena lutar essas batalhas?

por mais competitiva que eu seja

talvez eu queira perder algumas batalhas 

porque talvez eu precise ver o tempo mexendo 

as coisas acontecendo para frente 

e não no mesmo degrau

25.7.23

women and their ways

 I feel so fucked up when 2 weeks close to my period

and it gets worse cause I have no clue of what's reality or my emotions

small doses of blueberry ice and medicines

I don't know where to draw the line

The line between me and us - everyone

too agitated by other doses?

oh gods and ghosts, please just help cause I feel like falling apart of the ones I truly love...

and its not just because im a woman

its about my ways of surviving times like these and times like those...

I miss my cousin and some close friends at the point of giving in or giving up of

every single thing 

to be with them

and I miss myself as well...

just want to cry until I fall sleep and never wake up anymore

actually

waking up with one condition: in another life - like reincarnated 

but its so selfish to think this way

maybe it is may way sometimes 

being selfish for wanting to run away.

13.7.23

memória, demência?

tendo escrever, gravar, fotografa tudo porque esqueço tanto.

temo ter algum tipo de disfunção cognitiva que me leve à demência cedo demais porque minha memória é extremamente fragmentada. e o bizarro de tudo é que algumas são tão vívidas, outras mutantes... devem ser os remédios: the real drug people believe is some sort of salvation; me included.